sábado, 20 de fevereiro de 2010

Zoofilia Rural

 

A arte da caminhada já faz arte da vida cotidiana aqui em Nova Esperança, apesar que eu acho que não serve pra nada, só vejo gordos e gordas fazendo a bendita caminhada, deve engordar isso. 
Mas vamos a história.
Joãozinho tem um sitio a uns 10 Km daqui, beirando a estrada de Miralta, aonde passam os caminheiros, ou seja, os que fazem as caminhadas.
Zildemar não é muito gordo, mas assim que chega do trabalho, a tardinha, quase anoitecendo, ele poe o tênis e vai pra caminhada, faz bem ao coração, diz ele.
Pois bem, o Joãozinho tava encafifado com uma coisa, todo dia de manhã tinha que procurar sua égua que não estava no terreiro como de costume,  ia achar ela lá perto da cerca, junto a estrada.
Ele pensava, não é possível, ela sempre ficava no terreiro e de uns dias pra cá tá dando pra sumir aqui pra cerca, alguma coisa tá errada.
Visto isto, ele resolver espionar a éguinha, colocou ela no terreiro, de noitinha e ficou vigiando escondidinho.
Quando anoiteceu e ele já estava desistindo, eis que surge um vulto no terreiro e vai puxando a égua pros lado da cerca, joãozinho foi seguindo. 
O vulto já ia arrumando a égua pro "colóquio amoroso" quando joãozinho deu o grito:
Pera lá, filho de uma égua, que já te capo !!
O vulto, ouvindo isso, sebo nas canelas, correu, nas correu com vontade, se emprenhando na caatinga afora.
Joãozinho pegou sua moto, pegou a estrada e veio pra Nova Esperança, chegou primeiro que o vulto, deu uma volta e não demorou muito pra achar o Zildemar todo suado e com meio metro de lingua pra fora, encostado num muro.
Sim pessoal, era o Alzimar que tava catando a égua do joãozinho, isto deu um buchicho danado aqui, mas como sempre, foi devidamente abafado o caso.
O Caso do Alzimar com a égua do Joãozinho... Que lindo é o amor...
Isto é que podemos chamar de amor animal, né ?
Dizem que a mulher de Alzimar até chorou, mas perdoou.
Dizem também que os vizinhos do casal juram que ouvem, de noite, no auge do casal se amando, uns relinchozinhos baixinhos, disfarçados, vindos do quarto do casal.
E a égua ? Vocês poderão me perguntar...
Bem, joãozinho diz que até largou pra lá, pois dá pena ver o estado dela agora, desanimada, sempre chorosa, toda noitinha ela vai lá na cerca e fica olhando para um lado e pro outro, relinchando, na esperança do Alzimar voltar para ela...
O que é o amor...


domingo, 14 de fevereiro de 2010

Antarctica Sub Zero

 

Essa é rapidinha...
À semanas que procuro esta cerveja para comprar aqui e não acho, agora descobri o porquê !
Questionando o povo, eles me falaram que não tem muitos diabéticos aqui, então ela não sai muito.
Putz, já vi Coca-Cola Zero, mas cerveja zero ? Ah, tenham a santa paciência !!!!
Álias, mais zero impossível, é Sub Zero !! 
Vai ver que é amarga por isso !
Até eu explicar que elefante não é o dono do circo, vou tomando minhas Skol's mesmo.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Promoção

 

Estava eu, tomando minha cervejinha gelada num comercinho chamado Tabúas, num butequinho bem da roça, daqueles com sacos de arroz, feijão, farinha, empilhados no fundo do balcão, quando um cartaz me chamou a atenção:
Promoção

“Leve 6 pãezinhos e pague R$ 1,00”

Continuei a tomar cerveja, só observando o movimento, o dono do buteco tinha a fama de meio esperto, tipo que faz a promoção: tome 2 cervejas que cobro 3 e se não tomar cuidado, cobra mesmo !
Entrou um moleque e pediu:
- Alonso, me dá um Real de pão.
O comerciante colocava naquela sacolinha de plástico, cujo nome aqui é “Chienta”, porque fica fazendo um barulhinho quando sacode ela, os 6 ditos pãezinhos.
Uma senhora fez o mesmo, outro moleque, e assim vai...
Uma hora entrou um menininho moreninho, pés descalços, shortinho surrado e perguntou ?
- Alonso, quanto custa um pãozinho ?
- Quinze Centavos, respondeu ele.
O Moleque pegou as únicas moedinhas e comprou o pãozinho.
Perceberam alguma coisa ?
Eu na hora percebi.
Perguntei pro cidadão se ele vendia bastante pãezinhos e ele me confirmou com um largo sorriso no rosto.
Paguei as cervejas que tinha tomado, mas não me conformei.
Veio uma idéia, voltei.
Alonso, me vê 3 pãezinhos.
Ele colocou na sacolinha.
Agora me vê mais 3, pode colocar na mesma sacolinha.
Ele colocou.
- Quanto te devo ?
Ele pegou a calculadora e disse:
- Noventa Centavos.
Daí ele olhou bem pra mim, meio desconcertado, devia estar pensando, Ih...me entreguei.
Desde quando 6 pãezinhos a Quinze Centavos dá Um Real ?
Bem, nesta terra dá sim senhor, e olhe, na promoção, viu ?
Ele tentou se explicar dizendo que era difícil moeda de Dez Centavos para o troco, safado!
Moral da história, no dia seguinte não tinha nem mais promoção e nem mais pãozinho.
É pessoal, isto que é abusar da simplicidade do povo.
Ah... dei os pãezinhos que comprei pro moleque moreninho que me fez descobrir a falcatrua.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O Dójão

Dois irmãos, uma certa vez, resolveram que iam comprar um carro em sociedade, vou chamá-los de Tinho e Tonho.
Aqui em Nova Esperança só haviam 2 carros, uma Veraneio e uma Rural.
Tinho e Tonho foram guardando dinheiro, guardando dinheiro, até que juntaram uma boa soma, que daria pra realizar o sonho dos dois.
Com o dinheiro na mão, foram à Montes Claros, pesquizaram, pesquizaram e viram que o esforço deles não foi suficiente não, carro era caro !
Depois de rodarem muito, acharam um que cabia no bolso deles, um maravilhoso, um esplendido Dodge Dart 8 cilindros, meio desgastado pelo tempo, mas era o que tinham no momento.
Fecharam negócio, entraram no possante, (Possante = Toda vez que pára tem uma poça de óleo no chão), colocaram 5 litros de gasolina e vieram embora.
Aqui, rodaram pra cima e pra baixo com o carrão, só se exibindo, pararam em todos os butecos do comércio, tomavam uma e saiam.
Mas Nova Esperança é pequena demais pros anseios dos dois, resolveram ir até Miralta, tinham que exibir em Miralta também, Miralta é um lugar, por incrível que pareça, menor que nova Esperança, distante mais ou menos 12 km por uma estada de chão, como dissem aqui. Lá devem ter umas 50 casas e 55 butecos.
Já meios alegres, tocados pelas cachaças tomadas, quando de repente o carro parou... Não pegava nem a pau, meche daqui, meche dalí, nada.
Tranco ? Nada.
Daí veio a brilhante idéia, será que não é gasolina ?
Por via das dúvidas, Tonho pegou uma bicicleta, isso tinha muitas aqui, aliás, tem até hoje, e foi arrumar gasolina, trouxe 2 litros numa garrafa Pet.
Colocada a Gasolina, não é que o carrão pegou ? Montaram nele e perna pra que te quero pra Miralta,
pegaram a estradinha e foram embora, dez minutos depois, o carro parou de novo, meche daqui, meche dalí, nada. E empurram, dão tranco e nada, já estavam arrancando os cabelos quando passou um cidadão de moto e perguntou? Não seria Gasolina ?
Impossível pensou Tinho, não fazia nem dez minutos que colocaram a gasolina. Mas mesmo assim Tonho pegou a Pet de 2 litros e pediu carona ao motoqueiro e foi até o posto em Nova Esperança para comprar mais gasolina.
Pegou uma carona de volta e colocou a gasolina, e o carro, adivinhem...
O Carro pegou.
Deram aquela acelerada básica, daquelas que se os parafusos do potente V8 estiverem frouxos o motor voa longe, rapidinho foram pra Miralta, rodaram pelas três ruas de Miralta, tomaram mais umas e outras, satisfeitos com a exibição, resolveram vir embora.
No meio do caminho, o carro parou de novo!
Acreditem, acabou a Gasolina!!!
Pra quem não conhece muito de carro, o Dodge Dart, bem regulado, deve fazer uns quatro Km/l, e não contaram isto para eles, acharam que com 2 litros iam andar o mês inteiro.
Gente, é melhor bicicleta viu ? Que além de não consumir gasolina ainda faz bem a saúde.
Moral da história, devolveram o Dójão e compraram 2 Monark barra circular novinhas, uma para cada um, resolveram o problema.
Ficaram com o carro um dia só, até hoje eles não querem saber mais de carro.
“Carro dá muitas despesas”

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Vasectomia

Um Lavrador daqui, Valdemar, com fortes dores de ouvido, passou no posto de saúde para uma consulta, mandaram ele para Montes Claros na Policlínica para passar com um especialista, sentou e ficou esperando.
Como estava com muita dor, ficou meio surdo, daí uma atendente chamou um tal de Aldemar, e o Valdemar se apresentou pensando que era ele.
Chegou no consultório o médico pediu para ele se deitar na maca e abaixar as calças e a cueca, ele atendeu, deitou... abaixou as calças e o médico começou os procedimentos.
Ele até estranhou, mas pensou:
Deve ser caxumba que desceu.
E o Médico trabalhando...
O outro, o Aldemar, diante da demora, foi reclamar com as atendentes que o informaram que sua cirurgia já tinha sido realizada, até pensou, rápido, hein ?? Que médico porreta, fez a operação de vasectomia em mim e eu nem vi...
Moral da história, fizeram a operação no surdo , coitado do Valdemar!!!
Foi com dor de ouvido e voltou vasectomizado !!!
Que absurdo !!! (Desculpem o trocadilho).
Ainda bem que não era castração.
E a mulher do Valdemar que ficou brava.
Só aqui mesmo.




PS: Essa eu tenho como provar: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u80573.shtml

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O Celular

Vocês já viram aquela propaganda da camisinha, que dizia que há dez anos atrás sua avó nem pensava que isso existiria.
Pois bem, há mais ou menos 10 anos atrás, existia um fazendeiro aqui, mais rico, não sei se era, mas bem mais exibido que os outros, isso ele era, vou chamá-lo de Fulano,
Nesta época, eu era dono de um boteco, chamavam de Bar do Paulista, mas deveria chamar “Se sobrar eu vendo.”
Fulano conseguiu arrumar, não sei aonde, uma moto CB400 cinza, ainda hoje raridade por aqui e um rapaz de outra localidade, Tábuas, cresceu logo o olho em cima da moto do fazendeiro.
Vivia enchendo o saco dele pra vende-lo a moto.
De tanto insistir o Fulano resolver vende-la, mas o rapaz, que não tinha dinheiro suficiente para fechar o negócio, e ofereceu-lhe um celular.
Se uma Moto CB400 era raridade aqui há Dez anos atrás, celular nem se fala...
Como Fulano era outro Zóiudo, prontamente aceitou o negócio.
Lá vai o rapaz, satisfeito com sua moto rara e Fulano satisfeitíssimo com seu celular, o primeiro da cidade, que sensação.
Acontece que até hoje, não temos sinal de celular aqui, então pra que celular se não funciona ?
Do Bar, todo dia eu via um vulto em cima de um morro, lá longe, vulto de um cara em cima de um cavalo, que ia de um lado pro outro, com um treco na mão, fui investigar, pasmem, era o Fulano tentando conseguir sinal pra inaugurar o bendito celular.

Apelidos

Aqui, todos são conhecidos pelo apelido, tem os Pequis, os Lambús, os Pébas e por aí vai, também as pessoas são conhecidas pela Mãe/Pai, Marido/Mulher, João de Nana, Maria de Osório, etc.
Entregadores das Casas Bahias sofrem pra caramba, na nota vem o nome do cidadão, perguntam mas ninguem conhece. assim:
-Por favor, sabe onde mora a Sra. Delisdete de Fátima?
Ninguem conhece, mas se perguntarem:
-Por favor, sabe onde mora a Fátinha de Nico ?
Putz, todo mundo conhece...  (Gente fina, ela...)
Dai, um tal de Divino Pávio precisava falar com o seu João Pequi, como já tinha entornado umas e outras, bateu na casa do homem, quem saiu foi a mulher.
-O João Pequi está ?
-Aqui não tem nenhum João Pequi não, viu, tem é João Soares !
- Ah, chama qualquer um deles, qualquer um dos dois serve !!!
Pra vocês verem...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Como vim parar aqui.

Após um ano de um casamento extressante, conheci uma Norte-Mineira, acabei juntando as escovas de dentes no mesmo armário do banheiro.
Hoje, já devidamente casado, com  duas filhas, moro com a família na cidade natal da esposa, Nova Esperança.
Lugar pacato, com pessoas simples, bom de se viver, se for aposentado, pois trabalho não há, se tiver "nóis evita".
Aqui presenciei vários causos, anedotas, que postarei ao longo do tempo, estou iniciando agora minha vida de bloqueiro, tenham paciencia...
Sou também uma pessoa simples, mas pensante, postarei também alguns absurdos que acontecem aqui, tudo bem, admito que serei um pouco ácido, simplicidade eu até admito, mas ignorancia, jamais.
Podem postar comentários, serão bem vindos, se forem construtivos, isto é, se forem pra ajudar este blog ser melhor.
Até a próxima